Meus queridos,
A precariedade dos regimes políticos não ocorre somente no mundo árabe, nem nos países comunistas, mas, também como nos países capitalistas e “intitulados de Ocidentais”. Muitos destes países são sustentados por aparatos militares que, se lhes conferem uma aparência externa de força, escondendo a fraqueza de suas instituições e a debilidade das relações entre Estado e sociedade. Configurações políticas, de tão manipuladas hipocritamente parecem ser eternas, provocando uma espécie de conformismo, até mesmo uma preguiça intelectual para confrontá-las.
É bem verdade que isso deveria acontecer a muito tempo, em todos os países dirigidos por presidentes corruptos, mas, só a partir da insurreição popular na Tunísia, que pôs fim aos 23 anos de governo do Presidente Zine Ben Ali. A barreira do medo já ta sendo quebrada e a população saiu às ruas em diversas capitais árabes, em demonstrações que revelaram o descontentamento com seus governos corruptos, repressivos e alinhados a um Ocidente que sustenta democracias de fachada na região em defesa de seus próprios interesses. E, foi no Egito que ela atingiu o patamar de situação revolucionária, mobilizando a imprensa mundial e preocupando Washington, Berlim, Paris e Jerusalém.
Hosni Mubarak se tornou uma peça fundamental no equilíbrio de forças na região na após a guerra do Yom Kippur (quando as forças armadas egípcias cruzaram o canal de Suez para atacar alvos israelenses em 1973), além de ser a maior e mais desenvolvida das nações árabes é o único país da região com poder suficiente para desafiar Israel, o Egito é estratégico para os Estados Unidos. O alinhamento com os EUA fez com que o Egito garantisse a paz com Israel nesses últimos 30 anos, recebendo uma bagatela de US$ 1,5 bilhão anuais em ajuda externa, assim como resistiu a dez anos de exclusão da Liga Árabe (1979-1989). Em suma, a importância estratégica do Egito para os Estados Unidos ficou ainda mais clara quando, no momento em que Barak Obama quis mandar uma mensagem de recomeço nas relações com o mundo muçulmano, escolheu o Cairo como cenário de seu discurso.
Lamentavelmente a política externa norte-americana, que nos últimos trinta anos preocupou-se com o crescimento do mundo árabe e deixaram de acompanhar os desenvolvimentos econômicos e sociais dos países, recusando-se a entender e lidar com os sinais claros de mudança que há muito se manifestam no mundo.
Portanto, o discurso a favor de Mubarak como uma proteção contra a ameaça fundamentalista carece de efeito, o que conseqüentemente, desnuda o caráter repressivo e despótico de seu governo, já que há muitos anos forças verdadeiramente democráticas, em essência, são sufocadas violentamente no Egito sob a cumplicidade americana e israelense que insistem na fantasia de que a brutal repressão estatal é preferível à ascensão de grupos radicais. Por certo a temida e freqüentemente superestimada Irmandade Muçulmana tem um apelo político principalmente perante as camadas mais pobres da população. Porém, é um erro acreditar que essa teria um poder de mobilização tal que levasse o Egito a uma revolução islâmica nos moldes daquela iraniana de 1979, já que existem outros líderes que seduzem uma parcela significativa da sociedade egípcia.
Pegos de surpresa, os Estados Unidos vacilam em posicionar-se em face daquilo que parece inevitável: a queda de Hosni Mubarak. Já Israel não esconde a sua gratidão por este último, expressando publicamente o medo de que “radicais” assumam o poder. A hesitação americana e o desespero israelense continuam não levando em conta as opções moderadas que se apresentam no momento, seja nas figuras de Moussa e El Baradei ou de grupos que havendo a possibilidade de eleições verdadeiramente livres certamente se aglutinarão na forma de partidos políticos alternativos àqueles existentes.
As grandes potências, os EUA, G7 e os imperialistas “países exploradores” devem voltar suas atenções e resolver as questões sobre os direitos humanos, sobre o meio ambiente, a pobreza, a fome, as doenças, a violência, o preconceito, o racismo e todos os fatores que estão tornando este mundo cada vez mais inseguro e vulnerável. Assim, deixarem de manipular a opinião pública por conta dos seus interesses, deixarem de fabricar armas e bombas nucleares ou de usá-las, só assim pode haver caminhos para um mundo igualitário. Por outro lado, nós os povos que estão sendo massacrados e camuflados, (principalmente na África, Ásia e America Latina) temos que fazer igual o que aconteceu no Egito e na Tunísia. Mostrar que a força do povo está acima de qualquer tipo de política ou ideologia e, a voz do povo é a voz de DEUS. (a revolução é bom só quando for pacifica, com todos os direitos).
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