Uma matária publicada por Kamilla R. Rizzi (Doutoranda em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e Pesquisadora Associada no Núcleo de Estratégia e Relações Internacionais (NERINT/UFRGS), no dia 06 de Abril de 2010, relata a história recente da Guiné-Bissau.
Uma história que ajuda a explicar a conjuntura da Guiné-Bissau e sua crise política, económica e institucional continuada.
Lembrando que o país nasceu de uma guerra de libertação contra o domínio português, liderado por Amílcar Lopes Cabral que acabou criando células revolucionárias, dentro do PAIGC - (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde). Embora o principal objetivo de Cabral foi bem sucedido (a Independência da Guiné e Cabo-Verde), mas logo após o seu assassinato em 1973, Luís Cabral o sucedeu como líder, para ajudar organizar o país e continuar os sonhos do irmão.
Com o medo para que o poder não caia nas mãos de um exército dominado pelas camadas sociais mais baixas e sem educação, iniciou-se um amplo programa de reconstrução nacional e de desenvolvimento com inspiração socialista (recebendo ajuda de Cuba, União Soviética, China e outros países), tentou transformar a máquina do partido em um canal de informação, estrategia e segurança, depois da indepen dência. Mas a desconfiança ligada à instabilidade já tinha estabelecido no meio do PAICG desde a morte de Amílcar Cabral.
Portanto, João Bernardo Vieira (Nino Vieira/Kabi na N'fantchamna) usou a tal justificativa, para realizar o Golpe Militar de 14 de Novembro de 1980, foi aprovada uma nova constituição em 1984 , suspendendo a constituição de 1973. A partir de então, Nino Vieira centralizou quase todos os poderes na mão dele, e começou a eliminar seus oponentes políticos, o PAIGC tornou-se o único partido do país, as perseguições e torturas aos dissidentes, motivou a fuga de muitas pessoas de para países vizinhos e exterior. Embora ele tenha melhorado o setor da saúde, aumentou a produção agrícola e diversificou a economia, mas a situação econômica do país continuou a ser insuficiente para atender a sua população, e o país continuou a depender da ajuda externa.
A Guiné-Bissau tornou-se uma democracia multipartidária em 1991, com o fim da proibição dos partidos políticos. E em 1994, Nino Vieira se tornou o primeiro Presidente eleito democraticamente da Guiné-Bissau nas primeiras eleições realizadas no país. Mais isso diferenciou o poder entre o presidente da república e o chefe de estado maior do exército, e os militares passaram a controlar e mandar na política do país, sendo privilegiados com amplas mordomias.
Em 1998 o General Ansumane Mané fez um levante militar, que consolidou numa sangrenta guerra político-militar que derrubou o Presidente Vieira, obrigando-o a exilar-se para Lisboa. Desde então, não parou mais os sobressaltos, golpes de Estado e Assassinatos dos políticos e chefias militares.
Em 2000, o General Ansumane Mané foi morto por tropas oficiais do país; em 2003 houve um novo de Estado contra o Presidente Kumba Ialá, eleito democraticamente nas eleições de 2000, liderado pelo General Veríssimo Correia Seabra; em 2004 o General Veríssimo Correia Seabra foi brutalmente assassinado pelos militares, enquanto o país se preparava para novas eleições que seriam realizados em 2005, e passava da segunda transição política após golpe.
A volta de Nino Vieira ao país, em 2005, dividiu o PAIGC em duas alas, e sua candidatura à presidência da república aumentou ainda a tensão no meio dos políticos e militares (pois ele foi admitido a entrar no país por General Tagmé na Wai e Bubu na Tchuto, sem consentimento do governo e autoridades competentes).
Vieira conseguiu mais uma vez vencer as eleições livres de 2005, dissolveu o governo do Carlos Gomes Junior, que este em seguida conseguiu vencer de novo as eleições Legislativas do ano segunite. Portanto Acabou ficando a instabilidade político-instituicional e a desconfiança entre o Presidente, o primeiro-ministro e as chefias militares (um vazio de poderes e narcotráfico inundou o país, que está a beira de ser um Narco-Estado), o que pode ter motivado os assassinatos do General Tagmé na Wai e o Presidente Nino Vieira em 2009. Mas não parou por aí, pois os militares também assassinaram o ex-ministro da Defesa "Helder Proença", ex-ministro de Administração territorial e candidato a presidência, "Bassiro Dabo" sem contar com detenção ilegais de alguns políticos por eles considerados comparsas do Nino Vieira.
O governo nada fez para apurar estes fatos, e o Chefe de Estado da Marinha Bubu na Tchuto foi acusado de tentar golpe contra Vieira, que se refugiou para Gâmbia. Então, neste dia 1º de abril, houve mais uma tentativa de golpe que resultou na curta detenção domiciliar do Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior e na prisão do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Almirante Zamora Induta, por um grupo de militares liderados pelo antigo chefe das Forças Armadas Bubo Na Tchuto (que havia sido retornado ao país e refugiado nas instalações da ONU, onde foi resgatado pelos militares, no mesmo dia.) e o ex-vice e atual Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Major-General António Indjai.
No entanto, a comunidade internacional, os representantes da CPLP, União Africana, CEDEAO e ONU estão tentando ajudar o país a sair na situação em que se encontra, para consuguir uma normalidade política e estabilidade institucional.
Você pode ler na integra este artigo sobre Guiné-Bissau a través de:
http://mundorama.net/2010/04/06/a-instabilidade-continua-na-guine-bissau-por-kamilla-r-rizzi/
Mamudo Djanté
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